In Artigos, Venda de Empresas

Num processo de compra e venda de empresas, a Due Diligence (DD) é uma etapa incontornável para garantir que todas as partes envolvidas tomam decisões bem informadas. Mais do que uma revisão documental, trata-se de uma análise crítica e multidisciplinar, que avalia riscos, identifica passivos ocultos e valida a viabilidade estratégica do negócio protegendo valor, reputação e sustentabilidade futura.

 

O que é Due Diligence e por que é essencial?

A Due Diligence consiste numa investigação exaustiva e estruturada da empresa-alvo, com o objetivo de fornecer uma visão clara e objetiva sobre a sua real situação financeira, fiscal, legal, operacional e estratégica. Para o comprador, é um processo de validação do investimento e de mitigação de riscos. Para o vendedor, é uma oportunidade para antecipar objeções, reforçar a credibilidade e acelerar negociações. Segundo a EY, mais de 60% das transações falhadas em M&A ocorrem por ausência ou falhas no processo de Due Diligence, o que comprova a sua importância na estruturação de operações bem-sucedidas.

 

Tipos de Due Diligence e suas áreas de foco

O processo pode ser segmentado em várias frentes. O âmbito da análise e o nível de detalhe pode variar bastante em função da dimensão da empresa, setor de atividade, riscos da operação e complexidade da operação de venda ou compra. A DD financeira analisa contas, fluxo de caixa, endividamento e consistência dos indicadores de desempenho. A DD fiscal revê obrigações tributárias, contingências e enquadramento legal. A DD Jurídica foca-se em contratos, licenças, litígios e propriedade intelectual. Há ainda DD operacional, técnica, ambiental, tecnológica e de recursos humanos, consoante o setor e os riscos em causa. A Deloitte destaca que, em setores industriais e tecnológicos, a avaliação de ativos intangíveis e tecnológicos tem vindo a ganhar peso estratégico nos últimos anos, influenciando diretamente o valor atribuído ao negócio.

 

O que esperar de um processo de Due Diligence

A Due Diligence deve ser planeada com objetivos claros, prazos definidos e equipas multidisciplinares. Para o vendedor, é essencial ter documentação organizada, previsões financeiras realistas, respostas consistentes e ter uma equipa experiente que faça a interligação entre a empresa e os auditores envolvidos nos vários processos. Para o comprador, a expectativa é obter um relatório claro, com red flags, oportunidades de melhoria e recomendações práticas. A McKinsey sublinha que uma Due Diligence bem conduzida contribui para reavaliar o racional estratégico da aquisição, evitar surpresas pós-fecho e garantir maior retorno sobre o investimento. É, assim, uma ferramenta decisiva para proteger o valor criado no processo de fusões e aquisições.

 

Mais do que uma formalidade, a Due Diligence é um instrumento estratégico de gestão de risco e criação de valor. Uma análise rigorosa e orientada para a decisão permite alinhar expetativas, reduzir incertezas e tornar o processo de compra e venda mais seguro, eficiente e transparente para todas as partes envolvidas.

 

António Nóbrega | Manager

Departamento Planeamento e Estratégia

 

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