A Compra e Venda de Empresas tem sofrido um forte crescimento. De acordo com os principais agentes que operam no mercado de Fusões e Aquisições (M&A) verificou-se que, apesar da crise pandémica, houve um crescimento do setor e existe um sentimento de otimismo que antecipa a tendência de crescimento dos mercados.
Este sentimento resulta da conjugação de vários fatores, nomeadamente:
1. Em primeiro lugar, a nível mundial as principais potências económicas apresentam sinais de recuperação.
No caso da economia norte-americana essa situação reflete-se através da rápida melhoria da situação do mercado de trabalho, tendo sido criados em março 916 mil empregos, o número mais alto em 7 meses.
A economia gerou desde o final do 1º semestre de 2020 cerca de 14 milhões de empregos criando a expetativa de que é possível regressar ao pleno emprego num período relativamente curto, suportado pelo sucesso da rápida vacinação e pelo plano de estímulos atribuídos diretamente aos bolsos dos americanos. Estes fatores foram críticos para inverter o processo e apontar para uma recuperação económica rápida, permitindo estimar para 2021 um PIB na ordem dos 5%.
De igual modo, os últimos inquéritos apontam que a China se mantenha numa fase de recuperação económica e até cresça em determinados setores, apesar da diminuição do emprego que ameaça uma parte do consumo das famílias. O aumento da indústria é explicado pelos elevados investimentos feitos pelas grandes empresas públicas, que suplantam a quebra do setor privado, não comprometendo o forte crescimento do PIB esperado para 2021.
A indústria japonesa está a aproveitar ao máximo a recuperação do comércio global, em particular a forte procura chinesa e americana através dos componentes que produz, o que vai permitir uma forte recuperação económica após a recessão de 2020.
A Europa não consegue antecipar crescimentos em 2021 da mesma ordem de grandeza dos blocos norte americano e asiático, contudo, existe o sentimento de que a partir do 2º semestre do ano haja uma normalização gradual da economia em resultado do seguinte: a resolução do impasse inicial gerado na entrega das vacinas; injeção de liquidez na economia por via dos pacotes de estímulos que vão ser aplicados pelos estados membros, crédito barato e poupanças acumuladas, ou seja, fatores que vão alavancar a retoma da atividade económica com resultados crescentes a partir de 2022.
2.- A história dos ciclos económicos repete-se e é do conhecimento geral que após um período de grave de crise financeira, surgem sempre processos de transferência de riqueza associadas à captura de oportunidades de investimento.
3.- Por outro lado, as empresas que queiram sobreviver nos momentos de crise têm de se capitalizar, mas as soluções mais imediatas de aporte de capital pelos sócios e o recurso tradicional à Banca nem sempre é suficiente ou o mais indicado para as suprir as necessidades de liquidez corrente das PME, pelo que, uma outra possibilidade de aportar liquidez nas empresas passa pela entrada de terceiros nos capitais das empresas, as quais, para além do capital, podem incorporar know-how, estratégias de crescimento nacional e internacional, excelência na gestão, captura e retenção de talento, dinâmica comercial, etc.
4.- Esta confluência de situações explica o aumento das oportunidades no setor do M&A.
Assim, nos sectores mais afetados pela pandemia espera-se que as empresas mais robustas se foquem na aquisição dos seus concorrentes, permitindo-lhes ganhar escala e consolidar o seu crescimento.
Por outro lado, o final das moratórias de crédito e do regime de lay-off e a acentuada quebra de negócio em várias áreas resultará, inevitavelmente, em situações de fragilidade e dificuldades financeiras em empresas portuguesas em diferentes sectores.
Cremos que estas dificuldades poderão colocar essas empresas numa situação de maior vulnerabilidade, mas também conduzirão a uma maior disponibilidade por parte dos seus acionistas e gestores para abrir o capital a investidores e parceiros privados, criando assim condições favoráveis para investimento ou aquisição de empresas portuguesas por parte de investidores estratégicos e financeiros e para a realização de operações de restruturação.
As empresas que vão ser avaliadas neste contexto de investimento são aquelas beneficiam do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) diretamente ou como fornecedores e prestadores de serviços ao Estado.
A maior parte dos fundos disponíveis será investida no setor público em diferentes áreas. Este investimento virá sobretudo do estrangeiro.
5.- Finalmente, existem riscos associados a alguns fatores de incerteza, designadamente:
- Novas vagas da pandemia
- Desenvolvimento dos planos de vacinação
- Perspetiva do final das moratórias e respetivos impactos, que são fatores de prudência para os investidores.
- Clima de incerteza e as restrições de circulação trazem desafios na deteção de oportunidades de negócio e de investimento e ao nível do desenvolvimento das transações (em especial nas etapas preliminares das mesmas e nos processos de Due Diligence).
Os vários aspetos abordados implicam que os responsáveis pelas empresas mais atingidas pela atual crise pandémica e que por isso estejam mais fragilizadas, avaliem de forma objetiva a situação em que se encontram, percebam quais são os caminhos a adotar no sentido de viabilizar ou reequilibrar as fragilidades e implementem as ações retificativas necessárias.
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