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Em consequência da pandemia as principais tendências de investimento para 2021 podem alterar radicalmente os mercados globais.

A pandemia COVID-19 acelerou as principais tendências globais, principalmente a adoção de tecnologias digitais e uma maior intervenção do papel do governo na economia, no entanto, existem outros fatores que vão condicionar em maior ou menor grau no curto prazo o mercado global.

 

  1. Efeitos da economia em ascensão

Pesquisas mostram que os investidores esperam um ano favorável para os mercados financeiros, sendo já notória a recuperação económica dos países/blocos mais desenvolvidos, nomeadamente, a América do Norte e Ásia Oriental.

Contudo, as economias continuam a beneficiar dos efeitos da aplicação dos estímulos maciços que são canalizados para as empresas ou entregues diretamente aos contribuintes (caso dos EUA) e esta situação coloca pressão no aumento da inflação, e consequentemente no aumento dos rendimentos dos títulos, com consequências nefastas e imprevisíveis para as cotações das empresas.

O aumento repentino da poupança em 2020, grande parte do qual foi para os mercados de ações, não deve continuar, especialmente com o fim da pandemia e os consumidores começando a gastar novamente, assumindo a pandemia como um desastre natural passageiro.

 

  1. Inflação de fundo

Existem 4 fatores que ameaçam renascer a inflação, nomeadamente:

  • Depopulação: o crescimento da população mundial em idade ativa está regredir e uma oferta de trabalho em declínio tende a aumentar os salários.
  • Desglobalização: a queda no crescimento do comércio global desde a crise financeira de 2008 continua a reduzir a concorrência.
  • Produtividade em declínio: O declínio global, impulsionado em parte pelos governos que resgatam empresas improdutivas, aumenta os custos das empresas e aumenta os preços ao consumidor.
  • Dívida: o aumento da dívida dos governos, com especial enfoque nos elevados milhões utilizados para pagar os pacotes de estímulo à pandemia, pode ser o choque que reacende a inflação.

 

  1. Refúgio no mercado da Habitação

Com a expetativa crescente de que inflação reúne as condições para ser novamente um elemento presente nas economias, os investidores reagem naturalmente apostando nas reservas tradicionais, em especial no mercado da habitação.

De facto, em 2020, os preços das casas aumentaram em praticamente todos os países desenvolvidos e há razões para acreditar que o boom pode durar.

Cerca de noventa por cento dos bancos centrais do mundo diminuíram as taxas de curto prazo para mínimos recordes, o que por sua vez empurrou as taxas de hipotecas de longo prazo para mínimos recordes.

Por outro lado, a oferta do parque de habitações disponíveis existentes para venda continua reduzido e, com o fim da pandemia, vai sentir-se de forma persistente uma pressão acrescida da procura por habitações por parte da população (sobretudo os escalões mais jovens) o que conduz ao aumento dos preços das casas.

 

  1. Preço das Commodities

Os preços das commodities caíram constantemente em termos reais desde o início dos registos na década de 1850, mas as estatísticas demonstram que esse longo declínio tem sido alterado pontualmente em décadas de boom, sendo que os especialistas acreditam que estamos perante condições que apontam para um novo ciclo de preços altos.

Por um lado, o dólar tem vindo a enfraquecer a sua procura como refúgio, podendo vir a   impulsionar os preços das commodities globais, desde o cobre ao trigo.

Apesar das avaliações dos ativos das cripto-moedas estarem cada vez mais presentes nas decisões de alguns tipos de investidores, as commodities são uma exceção visto que, após uma década em baixa mostram ser ativos extremamente atraentes.

Além disso, os preços fracos durante a década de 2010 fizeram que neste setor houvesse um desinvestimento e cortes de oferta. O resultado de uma oferta restrita com o aumento da procura numa fase de recuperação pós-pandemia cria as condições ideais para uma retoma dos preços das commodities.

 

  1. Mercados emergentes

Vemos quatro razões principais para esperar um retorno nos mercados emergentes, começando com a recuperação dos preços das commodities. Os muitos mercados emergentes que dependem das exportações de commodities para crescer tendem a prosperar quando os preços dessas exportações aumentam.

Apesar do facto de que tanto as exportações quanto a produção estarem a diminuir como parcela da economia global, alguns países emergentes selecionados, concentrados na Europa Oriental e no Sudeste Asiático, ainda estão a crescer devido à indústria de exportação.

As dificuldades financeiras causadas pela pandemia estão a obrigar as nações emergentes da Indonésia e Índia à Arábia Saudita, Egito e Brasil a efetuarem reformas econômicas favoráveis ​​ao mercado.

Por fim, a pandemia está a acelerar a adoção da tecnologia da Internet em todos a nível global, no entanto, essa revolução digital está a desenvolver-se com mais rapidez e dando o maior impulso ao crescimento nos mercados emergentes.

Hoje, os principais mercados emergentes respondem por 36% do PIB global e apenas 12% do mercado de ações global, enquanto os EUA respondem por 25% do PIB e 56% dos mercados de ações. Estes desequilíbrios extremos tendem a diminuir com o tempo.

 

  1. Uma revolução digital

O principal motivo pelo qual a revolução digital está a avançar tão rapidamente nos países emergentes é simples: falta de infraestrutura existente. Com acesso limitado a bancos tradicionais, lojas de retalho e outros serviços, as pessoas rapidamente adotam as ofertas digitais. Das 30 economias mais digitalizadas do mundo (por receita digital como proporção do PIB), 16 estão em mercados emergentes, liderados pela China, Coreia do Sul, Indonésia e Colômbia.

Em média, nos mercados emergentes a receita digital está a crescer 11% ao ano, muito mais rápido do que nos mercados desenvolvidos. Por outro lado, os custos dos negócios também estão a cair mais rápido. É provável que esse aumento digital na produtividade dê suporte a um retorno dos mercados emergentes.

 

  1. Concorrentes em ascensão

Os gigantes do comércio eletrônico nos EUA e na China obtiveram grandes ganhos nos últimos anos, no entanto, a capitalização de mercado de rivais menores e populares cresce mais rápido. É muito possível que alguns desses concorrentes se aproximem rapidamente e isso pode enviesar os polos do mercado global.

Hoje em dia muitos dos maiores participantes da Internet são plataformas nas quais as Startup prosperam. Do Sul da Ásia à América do Sul, as empresas regionais estão a desafiar os gigantes globais do comércio eletrônico e da media social, em parte por acolherem melhor os gostos e as preferências locais.

 

  1. Novos hábitos dos media

Não é segredo que a pandemia tem sido boa para o entretenimento online. Os canais de TV tradicionais também poderiam ter prosperado sob o bloqueio, mas em vez disso, o declínio de longo prazo no número de telespectadores tradicionais acelerou, caindo em média 16% em 2020.

O entretenimento digital está destruir as formas tradicionais de comunicação e essa mudança, embora sendo anterior à pandemia, provavelmente continuará quando o COVID-19 acabar.

 

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