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A empresa Marsh lança a sua 9ª edição do estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos em 2023” e nele vêm algumas alterações consideráveis em relação ao ano passado.

 

Com o avançar da tecnologia e do uso informático para cada vez mais vertentes do mundo empresarial, a principal preocupação em 2023 para as empresas é o crescimento de ataques ciberataques.

 

Ao colocarmos por ordem os problemas que as empresas no estudo esperam que estejam presentes em 2023 temos a inflação como 1º lugar com 54% das empresas a apontar como principal problema. 49% para falha em medidas de cibersegurança e 42% para eventos climáticos extremos (o que é normal derivado do crescente receio pelo ambiente e pelo aquecimento global entre outros).

 

No entanto ao serem questionadas individualmente sobre os problemas que esperavam enfrentar a título individual, ataques cibernéticos vem em 1º com 46% e instabilidade político-social em 2º com 45%. A inflação e a retenção de talentos vêm em 3º e 4º respetivamente com 39% e 35% a serem os coeficientes anexos às rubricas.

 

De todas as questões acima, a que mais me surpreende, mas também me deixa mais satisfeito é o facto de mais de 1/3 das empresas identificarem a retenção de talento como um dos principais desafios que esperam enfrentar em 2023. Isto porque a cibersegurança é um tópico que todos temos presente, tal como a situação ambiental do mundo e em momento algum devem ser desprezados. Mas é “peculiar” ver o crescimento das empresas no sentido de cada vez mais se preocuparem com “tratar bem o colaborador”, preferencialmente o talentoso.

 

As empresas de facto já se posicionam para lidar com isto, com regimes híbridos, espaços sociais no local de trabalho, com algumas a ter salas de cinema e/ou de jogos para os colaboradores poderem descomprimir ao fim do dia ou até mesmo a meio do horário laboral, tudo isto aliado a salários que a nível geral estão acima da média para Portugal. E estas estarão com certeza nos 2/3 que não têm assim tanto medo de perder as suas estrelas neste momento pois tudo fizeram para as reter.

 

Isto tudo constitui riscos para a empresa e embora as empresas consigam identificar com clareza os riscos que sentem, várias admitem não dar a importância que se calhar deviam à gestão de risco.

 

Em termos de evolução verifiquei também algumas variações que achei interessantes: em 2019 e 2020 o principal medo eram ataques cibernéticos em larga escala. Logicamente em 2021 e 2022 os maiores medos envolviam a pandemia. Mas em 2022 e 2023 o risco identificado deixou de ser ataques cibernéticos em larga escala, mas passou a ser falha de medidas de cibe segurança o que revela uma atenção muito mais detalhada à raiz do problema já que é mais fácil dizer “tenho medo que haja ataques” do que “tenho receio de que as minhas defesas não sejam suficientes”.

 

O que o futuro nos trará será sempre incerto, mas este tipo de estudos revelam as preparações que podemos esperar para o dia de amanhã por parte de um dos principais intervenientes na economia. Pessoalmente, concordo com a identificação dos riscos presentes e penso que todas as empresas deverão periodicamente fazer uma introspeção e avaliar se estão protegidos contra os riscos que identificam para que não acabem por se encontrar uma situação de serem surpreendidas pela negativa por fatores que na sua maioria são externos, mas não necessariamente menos importantes que alguns dos internos.

 

Afinal de contas, se houver um dilúvio ou um ciberataque, o talento não consegue operar devidamente. Mas sem talento presente nas empresas, não haverá ponto para ciberataque nem lesados já que a empresa não estará a operar para sofrer com o dilúvio.

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