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Um estudo recente realizado por um investigador do Banco de Portugal lança luz sobre uma tendência preocupante no panorama empresarial português: uma parte significativa das pequenas empresas é liderada por gestores com níveis de educação relativamente baixos. Publicado num livro eletrónico pelo banco central, o estudo sublinha a forma como esta disparidade educacional entre os gestores de topo se correlaciona com os desafios globais de produtividade do país.

Analisando os dados dos Quadros de Pessoal (QP) e da Informação Empresarial Simplificada (IES), a economista Sharmin Sazedj revela um forte contraste entre as habilitações literárias dos diretores executivos de empresas de diferentes dimensões. Enquanto as empresas de maior dimensão e as que possuem capital estrangeiro apresentam CEO’s com um nível de formação mais elevado, o cenário é notoriamente diferente para as micro e pequenas empresas – a espinha dorsal do ecossistema empresarial português.

Talvez o dado mais surpreendente seja o facto de mais de metade das microempresas em Portugal serem dirigidas por gestores cujo nível de escolaridade não ultrapassa o 9º ano. Nas pequenas empresas, este valor continua a ser alarmante, ultrapassando os 40 por cento. Esta revelação sublinha um desafio crítico: a falta de habilitações literárias entre os decisores de topo das pequenas empresas, o que acaba por afetar a sua produtividade e potencial de crescimento.

Sazedj sublinha que a melhoria do sistema educativo, de modo a corresponder melhor às exigências do mercado moderno e aos avanços tecnológicos, pode ser fundamental para aumentar a produtividade destas empresas.

As conclusões do estudo repercutem-se para além de Portugal, salientando uma questão mais vasta relativa à formação em gestão e às suas implicações para a produtividade. Dado que as práticas de gestão são responsáveis por uma parte significativa dos diferenciais de produtividade entre países e empresas, torna-se fundamental a continuidade de investimento numa sólida formação em gestão.

À medida que as economias navegam em rápidas transformações tecnológicas e mudanças no mercado global, o papel de gestores bem formados e adaptáveis torna-se cada vez mais crucial. Ao dar prioridade a políticas destinadas a melhorar a educação em gestão e a promover uma cultura de aprendizagem e inovação contínuas, os países podem libertar todo o potencial do seu panorama empresarial e impulsionar um crescimento económico sustentável.

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