O fim das moratórias e o futuro das empresas é umas das grandes preocupações sentidas no momento. Em março de 2020, fomos surpreendidos por uma série de medidas sem precedentes que visavam a controlo de uma pandemia cujas consequências eram largamente desconhecidas.
Milhares de empresas tiveram, de um momento para o outro, de suspender as suas atividades, enquanto outras viram a procura dos seus produtos ou serviços desaparecer face ao confinamento de grande parte da população.
Ainda marcados pela crise financeira de 2008 e da crise de dívida soberana no sul da Europa em 2011, os governos europeus agiram rapidamente no apoio às empresas e às famílias. Para além dos apoios entretanto disponibilizados, as moratórias dos créditos bancários têm sido um autêntico barco salva-vidas para milhares de empresas, sem o qual dificilmente teriam sobrevivido a um ano e meio de indefinições e de constantes alterações nas medidas de controlo da pandemia.
O Verão de 2021 era visto por quase todos como um ponto de viragem. Com a vacinação de grande parte da população a decorrer e após 3 meses de confinamento, poucos esperavam que este não viesse a ser um verão muito melhor que o de 2020, especialmente com o regresso dos turistas de outros países.
Depois da deceção de maio com o “desaparecimento” dos turistas ingleses e o agravamento das medidas de controlo da pandemia, esta esperança volta a renascer neste início de agosto, com o desagravamento das medidas e uma clara redução da taxa de mortalidade do vírus. Contudo, para a maioria das empresas nos setores mais afetados, os próximos 2 meses não chegarão para recuperar as perdas acumuladas ao longo destes meses.
Por este motivo, o mês de outubro é antecipado com muita ansiedade por milhares de gestores neste país devido ao fim anunciado das moratórias e a previsão sobre o futuro das empresas.
Consciente deste problema, o governo publicou, na passada sexta-feira, um aditamento ao Decreto-Lei nº10-J/2020 que vem permitir às empresas nos sectores considerados como sendo os mais afetados, prorrogar as moratórias até 31 de dezembro de 2021. Infelizmente, esta prorrogação deixa de fora muitas empresas cuja atividade não é mencionada, mas que dependem direta ou indiretamente das atividades como a Restauração, o Turismo, entre outros.
Para todas estas empresas, a solução poderá passar pela reestruturação ou refinanciamento dos créditos, recorrendo a garantias públicas, nomeadamente aquelas disponibilizadas ao abrigo do Fundo de Capitalização para Empresas criado no passado dia 28 e cujos contornos práticos ainda não são conhecidos.
Também no dia 28, foi publicado um outro Decreto de Lei que anuncia a criação de uma Linha de Apoio à Tesouraria para micro e pequenas empresas que se encontrem em situação de crise empresarial devido ao COVID-19. Também neste caso, aguardamos com expectativa a aplicabilidade prática desta medida.
As incertezas ainda são muitas, mas é clara a intenção do governo de ir reduzindo os apoios, aumentando em contrapartida o apoio ao investimento e à inovação. Importa, independentemente das circunstâncias que os gestores não controlam, preparar as empresas para esta nova fase, aumentando o foco no planeamento financeiro e controlo de gestão.
Esta preparação será fundamental para minimizar o impacto negativo da nova realidade que se avizinha e para se negociar com as instituições financeiras soluções que sejam positivas para todas as partes.
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