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Com a evolução da Inteligência artificial a crescer e com o primeiro grande salto (o Chat GPT) a ter sido dado, as questões relacionadas com a incorporação da mesma no mercado de trabalho aparecem também.

 

Primeiro, eu não considero o Chat GPT como uma inteligência artificial no sentido total e literal da palavra. Inteligência artificial pressupõe a capacidade de pensar e de aprender por parte de um sistema, ou seja, ele a dado ponto “constrói-se e codifica-se” a si mesmo com ótica de se melhorar. E o Chat GPT não faz inteiramente isso. É mais um motor de busca altamente avançado que consegue incorporar uma base de dados absolutamente gigantesca e responder sob forma de chat, mas fá-lo porque na sua base de dados tem biliões de conversas registadas e escolhe estatisticamente as respostas com melhor feedback.

 

No entanto, vários protótipos de IA baseados no modelo genético vêm a surgir. Como funcionam? De forma simplificada é dado ao computador um objetivo. E depois total liberdade. Se pusermos um “jogo da serpente” como tínhamos nos telemóveis a servir de base, comer a pecinha é bom, e chocar contra o corpo é mau. Depois deixa-se o computador jogar 1000x. de seguida seleciona-se as melhores 50 tentativas e incorporam-se os movimentos no “ADN” e repete-se o processo. Ao fim de 100 gerações o funcionamento é perto de perfeito.

 

Isto é importante ter presente para entender a situação ao aplicar aos mercados de trabalho.

 

Extrapolando, num futuro que poderá estar próximo (ou não), podemos dar aos computadores informação sobre componentes químicos e uma doença como um cancro, e dizer: faz 1000 simulações de combinações de componentes. Enfraquecer a doença é bom, tudo o resto é mau. E ao fim de inúmeras tentativas, “ideias” geradas informaticamente podem levar a novos medicamentos. Mas onde é que isto deixa os investigadores?

 

Numa versão bem mais presente e menos futurística, a Goldman Sachs vê administrativos, e advogados a ficar em apuros. “300 milhões de postos de trabalho em causa” afirma. Faz sentido e não faz. Por um lado, se existe um computador que nos consegue dizer quais as melhores estratégias para defender ou prender um criminoso, com acesso a todos os casos públicos e os seus resultados e estratégias, os advogados podem ficar em risco. E ao nível mais “baixo” que consiste essencialmente em analisar, pesquisar e preparar ideias de estratégia até é provável. Mas há lados positivos. Isto vai permitir a estes advogados, a especialização na seleção dentro da informação providenciada.

 

Penso que mais do que uma substituição, a IA pode levar a uma melhoria da eficiência do fator trabalho, mas os moldes têm de mudar, a criatividade do que pedir vai passar a ser tão ou mais importante do que a criatividade de factualmente desenvolver a ideia.

 

Vai ser sempre necessário pessoal que “alimente” as máquinas e as otimize e lhes dê pontos de partida e de referência. E esses serão os CEOs do futuro.

 

Para já a IA pode levar a uma de duas coisas: um aumento no desemprego dos estratos mais simples e baixos das empresas com alguma da redução dos custos a ser convertida em ganhos para empresa e outra a ser convertida em bónus para os trabalhadores que se tornarão mais indispensáveis ainda. Por outro lado, pode providenciar uma oportunidade de especialização. Ao termos uma IA a fazer o trabalho “chato” ou repetitivo podemos procurar mais talento intelectual ou criativo e aplicá-lo.

 

A Revolução industrial não aumentou o desemprego, aumentou sim a produtividade. Mas provocou sem dúvida uma alteração drástica do significado da palavra trabalho e das “regras” da empregabilidade.

 

Nós passámos de uma era industrial para uma era tecnológica, e tal como na alteração de produtos feitos à mão para a produção em massa, poderemos estar perto de uma revolução da mesma magnitude.

 

Isto para as empresas pode ser bom ou mau. Acho pertinente que se comece dentro de cada empresa a investigar ideias e a “estar em cima” dos avanços tecnológicos e será mais importante que nunca uma empresa ser orgânica e ter boa capacidade de adaptação. E quanto ao amanhã? Bem, o sol ainda é bem “físico”, mas o mundo que acordará com ele terá de se ir descobrindo, talvez com a ajuda de um computador, talvez a ajudar um.

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