A descarbonização da economia é um dos temas mais falados e divulgados na comunicação social. O elevado recurso a combustíveis fósseis, e ainda ao carvão, é prejudicial ao meio ambiente e traz vários efeitos secundários agregados, disso não há dúvidas. Assim torna-se desejável fazer uma rápida mudança de comportamento para podermos descarbonizar o mais rápido possível, certo?
Depende. Todos conhecemos a frase “para toda a ação existe uma reação”, normalmente isto não é um problema, a menos que se trate de um assunto muito complexo e aí deveremos ser ponderados sobretudo se a reação a que estamos sujeitos é desconhecida ou incerta.
Os novos dados divulgados pela Comissão Europeia apontam que o preço a pagar pela descarbonização da economia, apenas da União Europeia, seria algo como 38,9 mil milhões de euros por ano até 2050, ano estimado para o objectivo do “net zero emissions”. Ainda assim, é importante notar que falamos apenas na descarbonização da União Europeia quando a China detém a liderança no que respeita aos custos ambientas, seguida dos EUA e da Índia.
Tomemos como exemplo os carros elétricos, na verdade estes não produzem por si só emissões de CO2, mas o que acontece na verdade é que estamos a transferir essas emissões ao invés de as eliminar. Um estudo encomendado pela Administração dos Transportes da Suécia e pela Agência Energética da Suécia aponta que cada bateria de 100 kWh poderá emitir até 15 toneladas de CO2, o que faz com que cada bateria liberte tantas emissões como oito anos de utilização de carros a gasolina, caso a produção das mesmas não seja com recurso a energias renováveis, o que não seria preocupante se as principais fábricas de produção de baterias não se localizassem na China e nos EUA.
Voltemos então aos 38,9 mil milhões de euros, 48,5% deste valor está relacionado exclusivamente a materiais utilizados, precisamente, para a produção de baterias de veículos elétricos, que sabemos que a sua extração e tratamento tem um impacto direto nos custos ambientais totais.
Apesar destes dados, Francisco Ferreira, presidente da ZERO, segundo o Jornal de Negócios, afirma que o estudo mostra que o custo ambiental da transição é “efetivamente diminuto comparativamente ao valor total atual dos custos do dióxido de carbono no mercado europeu de licenças de emissão”. Esta informação é complementada também pelos investigadores que afirmam que estes custos são compensados pelos benefícios da transição para uma economia com baixas emissões de CO2.