em Artigos

O setor tecnológico português enfrenta um grande desafio: encontrar e contratar trabalhadores qualificados. A procura de especialistas neste domínio disparou, crescendo a uma taxa cinco vezes superior à do emprego em geral entre 2014 e 2021. Infelizmente, o país está a lutar para responder a esta procura crescente, o que leva a dificuldades significativas para as empresas tecnológicas. Este artigo analisa as dificuldades crescentes enfrentadas pelas empresas na contratação de profissionais qualificados no setor tecnológico em Portugal, lançando luz sobre as consequências desta escassez de mão de obra.

 

De acordo com o relatório anual “Estado da Nação” da Fundação José Neves, uma parte significativa das empresas tecnológicas portuguesas enfrenta a difícil tarefa de preencher vagas de emprego. O relatório destaca o facto de as ofertas de emprego no setor tecnológico terem ultrapassado a disponibilidade de profissionais qualificados. A Critical Manufacturing, uma empresa de desenvolvimento de software para as indústrias de alta tecnologia, é um exemplo deste desafio. Apesar de já empregar 500 pessoas, a empresa tem atualmente mais 200 vagas, que espera preencher até ao final do ano.

 

O relatório sugere vários fatores que agravaram a situação. Em primeiro lugar, Portugal não se preparou adequadamente para a procura crescente em domínios relacionados com a tecnologia, apesar dos avisos prévios. Os investimentos insuficientes em programas de formação e educação resultaram numa escassez de trabalhadores qualificados. Além disso, o afluxo de empresas estrangeiras que investem em Portugal absorveu uma parte significativa da reserva de talentos disponível. Estes factores contribuíram coletivamente para a escassez de trabalhadores qualificados.

 

A escassez de profissionais qualificados coloca inúmeros desafios ao sector tecnológico em Portugal. As empresas que lutam para preencher postos de trabalho sofrem atrasos na conclusão dos projectos, o que dificulta o crescimento e a inovação. Além disso, o relatório revela que a diferença salarial entre os licenciados e os diplomados do ensino secundário no sector tecnológico atingiu o seu nível mais baixo de sempre. Embora este facto possa parecer positivo, também suscita preocupações quanto à atração e retenção de talentos no sector.

 

Além disso, o estudo indica que uma proporção significativa dos trabalhadores portugueses não possui competências digitais, com 40% a não utilizar ferramentas digitais no seu trabalho. Este défice de competências digitais prejudica a produtividade e a competitividade numa economia cada vez mais orientada para a tecnologia. As empresas que investem mais na digitalização registam ganhos de produtividade de cerca de 20% e tendem a oferecer salários mais elevados, cerca de 3% mais do que as suas congéneres.

 

A crescente dificuldade em contratar trabalhadores qualificados no setor tecnológico português tornou-se uma preocupação premente. A crescente procura de especialistas, aliada à escassez de profissionais qualificados, tem colocado uma enorme pressão sobre as empresas que operam neste setor. É crucial que Portugal invista em programas educativos e iniciativas de formação para colmatar o défice de competências digitais e equipar a sua força de trabalho para o futuro impulsionado pela tecnologia. A incapacidade de enfrentar estes desafios pode impedir a capacidade do país de capitalizar plenamente as oportunidades apresentadas pela era digital.

Outras Publicações

Deixe um Comentário

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar