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A Zona Euro está a debater-se com um endurecimento dos critérios de concessão de crédito às empresas, o que suscita preocupações quanto à estabilidade económica da região. Dados recentes do Banco Central Europeu (BCE) revelam que mais de um quarto das instituições financeiras implementaram critérios mais rigorosos para a concessão de empréstimos, o que representa um dos maiores movimentos de contração desde a crise da dívida soberana em 2011. Esta evolução, associada a um declínio significativo da procura de crédito, faz eco dos sinais de alerta da crise financeira de 2007/2008, pintando um quadro preocupante para as perspetivas económicas a nível europeu, e consequentemente mundial.

 

De acordo com o inquérito trimestral do BCE, 27% dos bancos da zona euro declararam ter aplicado normas de crédito mais rigorosas no primeiro trimestre deste ano. Esta tendência, que tem vindo a tornar-se cada vez mais persistente, reflete um enfraquecimento da dinâmica do crédito e destaca os desafios enfrentados pelas empresas que procuram apoio financeiro, bem como os desafios do setor bancário, que já encontra dificuldades e parece estar a começar a jogar cada vez mais à defesa para que evitar incumprimentos que levam depois a uma situação caótica e “violenta” como aconteceu em momentos anteriores. A redução da disponibilidade de crédito reflete as circunstâncias observadas durante a já mencionada crise de 2011, quando 35% dos bancos relataram desenvolvimentos semelhantes, indicando um paralelo preocupante.

 

O relatório do BCE destaca ainda um declínio preocupante na procura de crédito. No primeiro trimestre, a procura de crédito por parte das empresas da Zona Euro caiu uns significativos 38%, após uma queda de 12% no trimestre anterior. Estes valores representam o maior declínio desde a crise financeira de 2008, o que sugere uma falta de confiança e de apetência para o investimento por parte das empresas. Tanto as pequenas e médias empresas (PME’s) como as grandes empresas registaram uma diminuição da procura de empréstimos, exacerbando as apreensões económicas.

 

A tendência descendente estende-se para além dos empréstimos às empresas, afetando também o crédito hipotecário e o crédito ao consumo. Na zona euro, 19% dos bancos comunicaram uma “diminuição na facilidade na aquisição” do crédito à habitação no primeiro trimestre, prosseguindo uma trajetória preocupante. Por outro lado, o crédito ao consumo registou um ligeiro abrandamento, com 10% dos bancos a comunicarem tais medidas, embora se deva notar que a situação permanece frágil.

 

Quanto a Portugal, também estamos a seguir a tendência observada na Zona Euro. Os dados do Banco de Portugal coincidem com as conclusões do BCE, indicando um ligeiro aumento das restrições ao crédito em todos os sectores, especialmente nos empréstimos a longo prazo. A abordagem cautelosa das instituições financeiras resulta da perceção de riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais, bem como a sectores ou empresas específicas. Este ambiente mais rigoroso na concessão de empréstimos, especialmente no que respeita às PME, levou a um aumento das exigências em matéria de garantias e a condições contratuais menos favoráveis e vai, com certeza requerer uma especial atenção por parte da gestão já que os investimentos terão de ser mais calculados ainda já que haverá menos margem de manobra.

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