Os investidores que pretendam participar nos mercados financeiros devem ter presente alguns fundamentos básicos, nomeadamente, perceber os conceitos, os principais fatores e motivações que podem condicionar o processo de decisão de aplicação de capital em instrumentos financeiros.
Os instrumentos financeiros são a forma de investir e participar nos mercados financeiros, e aplicar as suas poupanças/capital.
Estamos a falar de ações, obrigações, produtos derivados ou mercadorias que se podem negociar no mercado financeiro, ou situações mistas, em que o capital será investido de acordo com os critérios de investimento previamente definidos por diferentes classes de ativos, ações, obrigações, matérias-primas, investimentos alternativos, imobiliário e em distintas geografias e moedas. Neste caso, estamos perante fundos de investimento, ou seja, um instrumento financeiro que resulta da captação de capital junto de diversos investidores, constituindo o conjunto desses montantes um património autónomo, gerido por especialistas que o aplicam numa variedade de ativos.
Todas as situações têm diferentes graus de risco e de rentabilidade e adaptam-se, assim, a todos os perfis de investidores.
O perfil do investidor é uma classificação que cada investidor que aplica seu dinheiro em um produto de investimento recebe, ligada ao risco que está disposta a assumir com suas aplicações.
Essa classificação de perfil é uma exigência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), responsável por regulamentar todo o universo de investimentos, aplicações financeiras, instituições envolvidas e a bolsa de valores, entre outras coisas.
A CMVM, na prossecução da sua missão de promover a proteção dos investidores e a defesa da integridade dos mercados financeiros, com vista ao seu desenvolvimento, realiza periodicamente Inquéritos Online ao Perfil do Investidor. Assim, a realização destes inquéritos mostra a importância de traçar o perfil do investidor português, com o intuito de reforçar as medidas de regulação, nomeadamente no que diz respeito à proteção dos investidores e aos deveres de prestação de informação pelos intermediários financeiros.
No mercado, não existem investimentos melhores ou piores, existem opções que se encaixam com perfis diferentes e objetivos diferentes, por isso, o alinhamento e articulação entre tipos de investimentos e tipos de investidores é muito importante pois ajuda os investidores a otimizar o processo de decisão.
O perfil de investidor deve estar alinhado com aquilo que é a estratégia de investimento, dito de outra forma, para que as decisões de investimento não variem em função dos movimentos do mercado, é fundamental definir uma estratégia de investimento, que corresponda às nossas características, objetivos e necessidades.
Em termos práticos, a definição de uma estratégia de investimento adequada consiste em definir qual a percentagem a investir em obrigações e em ações, sendo que, quanto mais conservador for o investidor, maior deverá ser a percentagem alocada a obrigações e, quanto mais dinâmico for o investidor, maior deverá ser a percentagem alocada ações. A estratégia moderada corresponde a um equilíbrio entre as outras duas estratégias.
De acordo com especialistas do mercado financeiro, a rendibilidade de longo prazo de uma carteira de investimento depende, em mais de 90%, da estratégia de investimento, por esse motivo, o foco principal dos investidores deve assentar na correta definição do seu perfil de investidor e não na evolução diária das cotações.
A análise de perfil de investidor tem por base três premissas: segurança, rentabilidade e liquidez, sendo esses requisitos que determinam o que é mais importante para cada tipo de investidor.
Em termos gerais, as características do perfil de cada investidor é única e decorre das suas caraterísticas intrínsecas, designadamente, conhecimentos, experiência, situação financeira para suportar eventuais perdas de capital, tolerância ao risco, objetivos e horizonte temporal previsto para aplicar e obter retorno do capital.
Em resumo, podemos considerar três grandes tipos de perfil do investidor: conservador, moderado e dinâmico.
O investidor de perfil conservador tem maior aversão ao risco, em outras palavras, prefere investir seu dinheiro em produtos que apresentem nenhum ou baixo risco, traduz-se por ter uma carteira com maior percentagem de investimentos alocada a obrigações.
O investidor de perfil moderado corre um risco médio nas suas aplicações. Ele está disposto a assumir riscos um pouco maiores para ter uma rentabilidade também maior, neste caso, a opção aponta para uma maior diversidade de investimentos entre ações e obrigações.
Os investidores dinâmicos ou agressivos estão dispostos a correr riscos para ter maior rentabilidade e até perder parte do seu património e, por isso, podem assumir uma maior percentagem de investimentos alocada a ações.
Cada investidor no processo de análise de aplicação de capital deverá identificar as prioridades de investimento, diversificar a sua carteira de investimentos, limitar os riscos de acordo com os objetivos e, se não se sentir seguro, deverá procurar consultoria financeira de forma a assegurar a obtenção de propostas de investimento personalizadas e adequadas ao grau de risco pretendido.